A brasileira e cearense do município litorâneo de Aquiraz(CE), entrou para a história como a primeira transexual a estampar a capa da revista de moda mais conceituada do mundo, a Vogue Paris. A trajetória bem-sucedida de lindíssima Valentina Sampaio, de apenas 20 anos, vai na contramão do destino malfadado de parte das pessoas LGBTT no Brasil: apenas em 2016, foram cerca de 340 mortes motivadas por preconceito, de acordo com levantamento divulgado pelo Grupo Gay da Bahia, número recorde na história do país. Ela, contudo, driblou as estatísticas e agora se junta a nomes como Carol Marra, Lea T. e Carmem Carrera na representação de uma nova voz, para aqueles cujas oportunidades geralmente são relegadas ao descaso. “Eu já fui alvo de preconceito, mas isso não me derrubou. Segui em frente e procurei ser mais forte do que ele. Eu diria que todos precisam ter força, porque a situação das trans é difícil e delicada. Muitas vezes não temos voz”, avalia a modelo. “Vi comentários preconceituosos logo depois das primeiras reportagens começarem a sair, mas procuro não me abalar com isso. Me preocupo em absorver as coisas boas”, completa a brazuca. Apesar dos casos pontuais de discriminação, como a vez em que teve um trabalho negado por uma marca descrita por ela como “conservadora”, Valentina diz não ter vivenciado uma infância conturbada ou uma relação conflituosa com os pais no despertar da transexualidade, constatada por volta dos 8 anos, após uma visita ao psicólogo, a mãe é professora e o pai, pescador. Há aproximadamente 05 anos atuando profissionalmente como modelo, a cearense tem no currículo marcas reconhecidas, como as brasileiras Água de Coco, Morena Rosa, Schutz, Melissa, Skunk, EVA e as internacionais Armani e L’Oreal, da qual é embaixadora. Foi com essa última empresa, aliás, que a carreira de Valentina decolou em ascensão meteórica. Antes disso, chegou a se matricular em arquitetura em uma faculdade de Fortaleza(CE), mas deixou o curso para estudar moda, graduação que também precisou abandonar para se dedicar às passarelas e aos ensaios fotográficos. A visibilidade, proporcionada pelas participações em vitrines do mercado fashion brasileiro, a exemplo do Dragão Fashion, Minas Trend e São Paulo Fashion Week, resultaram na proposta irrecusável da Vogue. “Estava em São Paulo quando minha agência, a JOY Model, me comunicou que, dentro de cinco dias, eu precisaria estar na Europa para a sessão de fotos. Foi uma grande surpresa”, relembra ela. O ensaio para a publicação francesa ocorreu em Londres, na Inglaterra., sob o comando de Mert Alas e Marcus Piggot. Entre um clique e uma pausa para retocar a maquiagem, não houve espaço para nervosismo: “A equipe me fez sentir bastante à vontade. Logo que vi os resultados dos primeiros cliques, fiquei ainda mais animada. Não faltaram momentos divertidos. Eles foram muito atenciosos e profissionais”, afirma.
Fonte: Diário de Pernambuco
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