O ano de 2012 vai entrar para a história do Rio Grande do Norte como
um dos mais secos dos últimos 50 anos. Dos 144 municípios monitorados
pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) só
há chuvas normais em apenas um deles. Em 143 os registros foram
classificados como muito seco ou seco, o que configura um desastre para o
agronegócio.
Até então, o ano mais seco era o de 1993, quando a média estadual de
chuvas ficou em torno de 230,6 milímetros. De acordo com os registros da
Emparn, entre 1962 e 2012 foram 17 anos de secas no Rio Grande do
Norte, numa proporção de uma seca a cada três anos. Já as chuvas foram
generosas, superando a média de mil milímetros em 1964, 1974, 1985,
1986 e 2009.
Os registros mostram um dado preocupante: as secas estão ficando mais
frequentes no sertão nordestino. Na década de 1960 foi apenas um, em
1962; na seguinte, duas (1970 e 1979); nos anos 1980 quatro, na década
de 1990 cinco e na década passada, três.
Entre 1979 e 1983, o RN enfrentou quatro anos de seca, dois quais
três seguidos, fator que voltaria a se repetir em 1997, 1998 e 1999. Na
década de 1990 começaram a ser construídas as adutoras transferindo água
de grandes reservatórios – como a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves –
para as cidades com problemas de abastecimento na região central, no
médio oeste e no agreste.
Diferentemente das secas no passado, em 2012, apesar da gravidade,
não houve registros de saques ao comércio ou feiras livres no interior
do Estado. Para o economista Aldemir Freire, do IBGE, uma das causas
para o fim dos saques são as fontes de rendas criadas pelo governo
federal que deixaram o homem do campo menos vulneráveis aos efeitos
climáticos. “Isso funciona como um colchão social amortecedor”.
Aldemir lembra que do ponto de vista econômico, as secas já não tem
os mesmos impactos que tinham no passado. “Antes, a agropecuária era
responsável por metade do PIB do Rio Grande do Norte. Hoje essa
participação é de apenas 5%. Aldemir estima que o prejuízo com a seca do
ano passado fique em torno de R$ 1 bilhão.
Da Tribuna do Norte
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